domingo, 29 de novembro de 2009

"Tinha e tenho ainda convicção de que nada entre nós, que dissesse a respeito a nó, ficou por dizer, nos dissemos tudo, nos sentimentos tudo, nos vivemos tudo, e ainda que o tempo tenha sido curto, nos vivemos com tamanha, como se diz?
- Intensidade?
Intensidade, que carrega consigo, um tempo de uma vida inteira. Tínhamos vivido a vida que ele queria, não a vida contemplada, mas a que continua rasgando o peito, porque é só com a paixão se aprende, mesmo, o que é a vida."

Acho que ainda está por vir o dia em que eu lerei algo e não me lembrarei dele. Por enquanto, lembro. E escrevo aqui.

"E sabe de uma coisa? Te escrevo, aora, para dizer que vou continuar te escrevendo, msmo que a gente se encontre e mesmo que, por algum motivo, deixes de me escrever".

É, sempre disse iso.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tem dias, como hoje, que eu só queria parar. Parar de pensar, de ver, de sentir. Não parar no estilo "morrer", nada disso. Só parar, por um temnpo. Me recolher. Juntar todas as partes e pedacinhos em mim que vão se afrouxando e me recolher pra colar tudo de novo, me fazer inteira. Não que eu esteja quebrada, despedaçada, largada pelos cantos. Eu só tou frouxa. Inteira. Vaso quebrado colado meio torto, sabe? É, eu sei: eu sou peça com defeito. Daquelas que não dá pra retornar nem consertar, tem que usar assim mesmo. Do jeito que der. Acho que é isso que tá me angustiando: eu lidando com tudo do "jeito que der". Não ter nenhuma certeza. Nenhum "bah, é isso aí. é isso AÍ", como já tive antes. É tudo um "pode ser" gigante. Um talvez. Um ponto de interrogação.

Daí acontece umas coisas. Pequenas coisas. Essas coisas. E eu me irrit e me chateio e eu desisto e eu choro e eu deschoro e eu rio de amargura e eu acho que eu sou a culpada eterna culpada por não saber controlar o que sinto. Como se eu tivesse cometido um crime por sentir além do que se deve, além do que as pessoas normalmente sentem. Como se tudo que eu vivo e acredito fosse mera ilusão construída pra me acolher e destruída por mim mesma - pois os outros não tem culpa de viver de maneiras diferentes. De sentir e ver e ler e se portar no mundo de jeitos diferentes que os meus. De jeito que não são tortos e não envolvem doçuras diárias e cartas coloridas e abraços sem fim e finais de tarde deitados na grama adivinhando o formato das nuvens, tão clichê e mas tão obsoleto hoje em dia. Esses gestos antigos e amelie poulain e brilho eterno e até wertherianos, quem sabe. Adoro um texto do Nenê Altro que ele diz que nos emocionamos com todos esses filmes livros e referências tão humanos, mas que no nosso dia-a-dia passamos por pessoas que vemos todos os dias e não somos capazes nem de dar "bom dia". Essa dicotomia me angustia e me corrói: não sei como pode ser assim, não entendo. Não é difícil ser doce, não é difícil sorrir, não é difícil ser amável. É só se deixar levar, se despir da capa-de-proteção que a gente veste o tempo todo. "se deixar levar por suas emoções" é desaprovado. em vez disso somos criados para estarmos sempre alerta aos erros que os nossos corações podem nos levar. em vez de sermos encorajados a ter coragem para enfrentarmos as consequências dos riscos assumidos na busca dos desejos dos nossos corações, somos aconselhados a não correr risco". Eu sempre corri tantos riscos. Riscos e mais riscos, subidas, descidas, tapas na cara e paredes sem fim, poço sem fundo tão fundo fundo fundo, levantar-se e começar de novo. Acabo por odiar por me sentir culpada de ser eu mesma, de ser torta, mas tão sincera, não só com os outros, mas comigo comigo comigo mesma. "Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê". Sou exatamente o que se vê, o que eu falo o que eu sinto. E a culpa, essa ao qual sou condenada, é por achar criar um mundo de fantasias. Um mundo de fantasia que existe - e muito - dentro de mim. Por tentar tocar o intocável e por torcer que, um dia, quem sabe UM DIA, chegue até mim. Meio dama da noite num final de noite, numa solidão medonha e ainda há espera dele que vai entrar naquele bar e me levar embora de toda aquela gente vestido de preto e cabelo arrepiadinho. Numa espera de algo que me falça ver que eu não estou tão errada assim, que é tudo natural e que as coisas podem ser tecidas conhecidas aprendidas. Eu tenho tanto disso: de querer aprender sobre o outro. Aquela coisa do pequeno príncipe de querer saber qual sua cor favorita, que livros você mais gosta, o que te faz sorrir, será que gosta de caçar borboletas, que lugar você gostaria de estar, qual é seu sonho, o que realmente importa, pra onde você quer ir. Essas perguntas tão bobas e banais que definem quem tu é. Sem precisar de números e grandes pretensões. De só querer abraços e carinhos e ninguém ter medo que aquilo são contratos. São só abraços e carinhos reais. Não queria toda esse confinamento sentimental, essa coisa de não poder dizer "tou com saudades" por temer o que o outro pode achar. Simplesmente, sente-se saudades. Simplesmente, sente-se carinho. Simplesmente, acontece. E não dura pra sempre, dura o momento que tiver que durar. Só queria poder ser assim sem o medo, sem a angústia. Só queria poder ser leve leve leve o tempo todo. O tempo todo. Como eu sou contigo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tou lá agora: http://www.srilankaquemsabe.blogspot.com

Tem muitas lembranças aqui. Fugi (pra variar) pro outro lado de lá.
Tou lá agora: http:/www.srilankaquemsabe.blogspot.com

Tem muitas lembranças aqui. Fugi (pra variar) pro outro lado de lá.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Como pode ter alguem que marca tanto assim a nossa alma, né?"

Não sei. Mas acontece. E é só um. Ele.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

"Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui. Ontem, eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é."

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"Menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva".

C.F.A.

domingo, 16 de agosto de 2009

"Pra mim cada aventura
Dura o tempo que dura
Uma eternidade
Ou quem sabe um segundo
A sorte é quem decidirá
Mas se não for a morte
Não é o fim do mundo
Vem o tempo e cura
O quem tem de curar".

"E devo dizer ainda que gostaria de vê-lo feliz, apesar de tudo o que me fez sofrer nos últimos tempos".

sábado, 25 de julho de 2009

"Pedi que ficasse, como não ficou o outro. Mas não o suportaria, acrescentei a seguir. Sorriu. Como se nada do que eu pudesse dizer fosse capaz de modificar sua partida. Ainda chove, tentei dizer. Não importa, será melhor assim, repetia sua mão estendida. Passou-a devagar na minha face. Eu era uma coisa pequena, rastejante e sem Deus, caminhando no escuro lamacento à procura apenas de qualquer gesto como o toque de uma mão humana, devagar na minha face. Ele tocou. Calçou os sapatos, apanhou o chapéu. Eu quis dizer que poderia ocupar o segundo quarto — a segunda cama, a segunda vida — talvez para sempre. Eu estava tão vivo que qualquer outra coisa também viva e próxima merecia minha mão estendida, oferecendo. Estendi a mão. Ele não podia acei tá-la. Eu não devia estendê-la.
— O navio demora pouco no porto — disse antes de partir. — Um marinheiro desce, olha a terra, às vezes deposita algo, e logo torna a partir."



Penso - agora que já não dói mais como uma vez doeu e que consigo ver as coisas nitidamente (sem remorso, choro nem vela) - que talvez ele sempre soube que não poderia ficar, até mesmo quando se enganava do contrário. Percebo, aos poucos, como se estivesse montando um quebra-cabeça que, juntando as peças, vai tomando forma, que todos os dizeres mais doces envolvendo um futuro conjunto eram apenas brincadeira ou talvez qualquer coisa dessas que nos traz alguma segurança para os momentos em que a ferida arde demais e, feito crianças, precisamos de alguém para segurar a nossa mão e dizer que tudo vai ficar bem. Porque tudo sempre fica bem no final. Pelo menos é o que dizem, é o que nos fazem acreditar. E a gente, sempre segurando a mão de alguém, acredita, já que não nos é permitido ficar por muito tempo no fundo do poço. Por um momento, ele viu em mim um porto-seguro quando voltava pra casa e tinha que se deitar só na cama, como há anos não fazia. Sozinho no seu próprio quarto, perdido na vida que ele mesmo escolheu. Via em mim alguém para ligar e dar boa noite quando chegasse em casa, que estivesse lá para o confortar, mas que não fosse tão próximo para que pudesse apontar o dedo, cravar as unhas e os dentes, arrancar pedaços, não só do corpo, mas do coração e até da alma. Exato véu de maya(h). Talvez eu não tenha sido cor nenhuma, talvez eu tenha sido só uma ilusão do que sabia que nunca iria ter, porque não se permitiria entrar de novo nessa roda maluca que chamam de amor. Mas aprendeu, aos poucos, que ainda era possível amar, não tão intensamente como (ainda?) faço e como ele um dia fez, também, mas de alguma maneira que não exigisse tanto, talvez mais madura para ele, mas sem fazer sentido para mim. E agora, analisando e montando esse quebra-cabeça que acaba por formar uma figura abstrata, com muitas pontas, luzes e sombras, como se fosse um dia cheio de cores, mas agora opaco, envelhecido com o tempo, as (des)ilusões e as marcas, percebo que enfim, houve amor - e muito. E eu - sem me gabar, muito menos me achar melhor que ninguém, mas talvez por ser mais sensível - considero linda, profunda, mágica qualquer forma de amor. Hoje, sinto a cosquinha que ele disse que um dia eu viria a sentir. E mais do que isso: entendo porque não podia ficar.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

* Lembro de ter dito numa dessas conversas comigo mesma que estar naquela inércia sentimental - onde não se sofria parecendo que nunca ia passar, nem se amava com todo o fogo queimando dentro de si - era tão vazio e muito pior do que a imensa dor que se sente (aquela mesmo que se a voz tivesse força igual, acordaria a vizinhança inteira, essa mesmo) quando os teus sonhos e planos não vão na direção que tu imaginava. Querendo ou não, há algo doce nessa tristeza causada sempre por sentimentos uma vez bonitos e fortes. Tem sempre algo de bom na tristeza, mesmo que não se note. Logo depois vem a força e a superação. E tem que saber lidar sem se tornar amargo, se tem. É o mais difícil. Não se retrair. Tou tentando me manter aqui intera, firme e forte, pra logo estar disposta a dar a cara pra bater de novo de novo e de novo, mas por enquanto, vou continuar aqui no meu esconderijo mesmo - aqui fora mesmo, onde todos podem ver.

* E nem posso dizer que estou triste porque, na realidade, não tenho tido tempo pra ficar triste. É correria, minha gente, é vida. É aquela coisa de não parar para não pensar. Isso que nem muita gente faz e eu por tanto tempo me recusei a fazer. Mas, às vezes, é só o que cura. E, embora algumas vezes bela, a tristeza precisa ser curada. A tristeza, a saudade, a vontade. Eu nunca estive melhor, você sabe bem, mas tem coisas que a gente disfarça quando precisa de um pouco de atenção.

* "Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso…”
Lembrei dessa. E essa do Renato Russo me lembra aquela do Caio F. "Pensei que talvez o sol, o calor e Deus pudessem voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltarão. [I]Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais[/i]".

* "porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência."

* Mas no fundo, pessoal, no fundo tudo isso é amor. Amor de menos, amor demais, amor faltando, mas, de qualquer forma, amor. [i]E por que não falar de amor, repetir as palavras se no fundo é só isso que vale a pena?[/i]

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ainda bem

Hoje faz um ano dessa reviravolta toda. Que eu me encontrei, me perdi, que cresci e algumas horas fui muito mais, outras muito menos do que eu sou. Não sei se é bom ou ruim, se tou comemorando ou só constatando. A verdade é que não conseguiria – nem poderia - deixar passar essa data em branco.
Ontem eu tava conversando com a Tex sobre como as coisas ficam mais leves quando as esperanças e as expectativas se acabam. É aquela coisa do “tudo perde seu valor quando se espera algo em troca”. Apesar de ser um pouco triste não esperar mais, de desistir – não bem essa palavra, mas uso essa por falta de outra melhor – tem-se uma sensação de liberdade, de que, enfim, se superou. Não que tenha passado ou sido esquecido, mas foi superado. Percebe-se que se tornou algo que é possível olhar para trás sem dores nem mágoas, com carinho e um pouco de nostalgia, mas nada que te arranque o coração fora, que dê aquele aperto no peito, como antes. E embora sempre haja recaídas e se saiba que o coração vai bater mais forte quando ele te ligar ou se encontrarem num desses dias, esquinas, vidas, embora saiba-se que algumas coisas não vão mudar, que ele ainda vive dentro de si própria e que pense nele todos os dias - mesmo que negue - embora todas essas situações e outras mais que não convém citar, consegue-se seguir em frente para, quem sabe, um novo amor. E de algum forma, de algum jeito torto, esse mesmo, que eu sei e gosto muito de fazer, levanta-se a cabeça e caminha-se pra frente, no começo meio bamba, com medo de tropeçar, mas logo com passos firmes e fortes, te levando pra um novo lugar. E, apesar das partidas doerem, das respostas nunca chegarem, dos dias de angústias, tristezas e saudades, apesar apesar apesar, sabemos que valeu a pena, que não seria a mesma se não fosse ele, que se tornou uma pessoa melhor, mais completa e verdadeira. Valeu a pena e ainda vai valer, sabemos no fundo. Porque não morreu, porque é o tipo de coisa eterna que vai nos alegrar por muitos anos, porque amor como esse não some, nem desaparece. Porque é real e bonito.
E no fundo, só o que espera é que daqui a um ano possam se encontrar e dizer “hoje faz dois anos” e sorrir e ver que não sumiu, que ainda guardam o mesmo carinho, amizade, cumplicidade. E que, quem sabe, exista ainda um pouco de paixão, vontade, tesão. Que possam viver aqueles momentos intensamente como sempre souberam fazer e que consigam dizer adeus sem que doa. E que ainda, daqui a muitos anos, se encontrem só para dizer “ainda bem que no meio de tanta gente eu encontrei você”. Ainda bem.

domingo, 24 de maio de 2009

Quarto 667

Venha cá, me conte como está
Diga tudo, eu paro o tempo se precisar
Me segur aqui, não ri de mim assim
Eu encaro todas as horas vazias se no final eu for te ver sorrir

Dois meses longe, tanto se passou
Será que ainda algo de nós restou?
Olha pra mim, me dá só mais um beijo
Prometo que já te deixo...dormir
Mas deixa eu contar tudo que fiz e li
E tudo mais que me fez pensar em ti

Me pega pela mão, sem hesitar
Vamos sair e dançar até cansar
Esquecer que amanhã temos que voltar
Foge comigo pr'aquele nosso lugar
Onde só existe eu e você
E nada mais pra nos fazer sofrer
Nem duvidar do que um dia poderemos ser

Fecha porta, só há nos dois
Me abraça forte e me faz crer
No que sabemos ser
Impossível

Sorri pra mim, me traz um pouco de sorte
Enche meu coração sem entender por que
Desse jeito torto que tiver que ser.
(E eu sei que não quer saber, mas tudo fica tão frio, tão cinza e vazio sem você).

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Impulso Vital

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso, às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'."

Não sei precisar qual foi o momento exato que notei que -apesar de torto, sempre torto - tava tudo bem de novo. Do jeito que ele diz aí em cima: no meio de uma frase ou de um movimento, não sei muito bem, pensei, notei que estava curada. Feliz de novo. Não plenamente, não completamente. Mas feliz, comigo. Tranquila. Em paz. "Eu só quero sossego". E aquela coisa do impulso vital não vem de ninguém, vem de dentro de ti mesmo. Agora, tenho até questionado quem um dia disse que eu fui o impulso vital. Talvez eu tenha despertado algo no outro que ele sozinho não notaria. Mas eu não fiz nada. É sozinho que se toma a decisão de ir adiante. Por mais que te repitam que deve ser feito desse ou daquele jeito, a decisão é feita por ti. Por você e por mais ninguém. Nunca tive tanto poder sobre mim e sobre a minha vida e minhas coisas como tenho agora. Nunca. E não tem nada me prendendo, me consumindo, me destruindo. Me livrei de tudo que me faz mal. To de volta. "Preciso voar, mesmo que seja sem você". Preciso. Faz parte de mim. Sabecomé, é difícil aprisionar o que tem asas...

E no fundo, dá um pouco de medo. De ficar amargar, vazia e só. Mas daí respiro fundo e penso que me conheço bem: amarga é algo que nunca vou virar. Muito menos vazia. Ainda menos só.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

"Eu nunca fui a moça mais comportadinha do grupo. Pudera, nunca tive vocação pra tímida ou pro amor mal resolvido. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que aprovem os meus atos. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar... Eu acredito é em suspiros, peito ofegante, saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços apertados!Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou."

Deixe seu coração bater

postado no fotolog dia 12/04/03

Eu recebi um e-mail de uma pessoa totalmente desconhecida, lá na prefeitura (pra quem não sabe, todo e qualquer e-mail enviado para o setor de atendimento do cidadão da prefeitura é lido por mim, respondido por mim e, muitas vezes, deletado - ou ignorado - por mim). Enfim, era um e-mail de páscoa, assim. E falava sobre esperança, recomeço, retrospecção - se é que existe essa palavra. E eu não sei se é a TPM ou sei eu lá o que, mas aquilo me tocou bastante. Me fez pensar. Porque, vocês sabem, pra mim esse ano acabou e daí? E o resto da música também. Lembrei. Era um e-mail de uma clínica de fisioterapia. E falava de amor, de não deixar nosso pé-atrás nos impedir de fazer o que quisermos, de termos fé e esperança e batalharmos pelos nossos sonhos, por mais distantes (e agora eu falo no sentido físico e geográfico mesmo) eles estejam. Por mais que eu tenha isso como sei lá, filosofia de vida (junto com tudo ensinado pelo pequeno príncipe), é bom que seja lembrado, nem que seja pelo e-mail programado de uma clínica de fisioterapia. Bateu justo no momento que eu estava mais descrente e me relembrou de acreditar no algo bonito (e as coisas bonitas não acontecem mais), no que existe dentro de mim, no you get what you give, so give good. Daí eu vi o big lebowski e já era, me ganhou de novo. Mesmo que a gente se perca. Mas que seja bom, pra mim e pra você. Eu nunca vou deixar pra lá, deixar virar nada, virar pó. Se depender de mim, vai ser sempre assim: só entre nada mais.

Teoria Geral sobre Desastres Emocionais I
disciplina mestrada por Mayah Cruz, toda segunda-feira, a partir das 18:30, na sala 408 da FABICO.

...como se outro estado não fosse o bastante. como se eu fosse ir pra outro país. eu não tenho dinheiro pra ir pra outro país. bem que eu queria, fugir assim. mas aí não seria fugir, né. todos chamariam de 'crescimento pessoal' ou alguma coisa dessas que soasse melhor e fizesse parecer como se eu realmente soubesse o que eu estaria fazendo. a verdade, a dura verdade, é que eu tou numa fase da minha vida que se pouco me importa se meu cofrinho tá aparecendo ou não entende? porque, enfim, isso é o menor dos meus problemas. tipo fundo do poço, mas sem o fundo, sabe? acho que vou entrar numa aula de yoga. pra tentar equilibrar a mente, deixar a espinha ereta e o coração tranquilo. ou achar alguém com a mente equilibrada (já que eu não tenho, né) que consiga se contorcer. oi? não riam, gente. é muito maluco tudo isso que eu tou falando? i'm a mess. mas bem, quem não é uma bagunça? acho que vou acabar indo pra qualquer lugar que a penha me leve por R$ 9,99 - com a aline. bem acompanhada, né. sempre bem acompanhada.

sábado, 2 de maio de 2009

Não me joga assim nessa montanha-russa de novo. Me deixa parada, quieta, no meu mundo, na minha vida, na minha cidade. Não pense que eu fui por não te amar, meu bem. É que havíamos, ambos, eu acho, atingido o nosso limite. E a saudade - a vida se resume em sentir saudade - a saudade me consumia todos os dias e cada ligação, mensagem, carta, música, cada vez que eu me lembrava que tu existia - e que não estava perto de mim - e isso acontecia com frequencia, todos os dias, veja bem, de cinco em cinco segundos... cada vez parecia que uma espada estava sendo enfiada pela minha garganta, não, não, na garganta não, no peito mesmo. Ou parecia que estavam enfiando a mão inteira dentro de mim e arrancando meu coração aos poucos, dilacerando em saudade. Então, entenda quando eu te peço e te explico e escolho as palavras exatas pra dizer que não há mais. Que a gente, não há mais. E vamos nos encontrar, em outras cidades, outros mundos, outras vidas. E sempre seremos, sim, o nego ou nega do outro. Mas, naquele momento - e por agora - precisei dar um basta. E não digo por nós dois, mas por mim. Por mim e por mais ninguém. Você entende? Você está me ouvindo?
Não te preocupa que ainda vou lembrar de você, lembro todo dia sempre que passa alguém com aquele perfume que embora de muitos é só teu, ou quando vejo aquele filme, clipe, música que passou quando estávamos juntos naquele quarto fechado onde tudo que existia nós - e só nós. Agora as portas, as janelas, os telhados estão abertos e, por mais que eu peça, negue, recuse, você sabe, você no fundo sabe que tu pode entrar com apenas uma frase, uma palavra. "Sabe pitomba, nega?". Não faz, não faz, não faz. Não desperta algo que tu não pode domar e que eu levei tanto tempo pra controlar. Não me liga, nem manda mensagens na madrugada, não me manda minhas coisas enroladas em posters com tuas fotos, nem aquele dvd que tu tanto gosta, nem as balinhas que são tão nossas, tão a gente. Memórias de uma esperança do que a gente podia ser nesse ano. De uma chegada, uma vinda, uma surpresa. Do momento exato. Que ainda não chegou pra gente. E não vai ser agora, nem na próxima semana ou mês. O frio na barriga, o soco. Aquele mesmo daquele texto que te mandei e tocou fundo em ti, sabe. Esse mesmo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Fica muito mais bonito, realmente, quando tá num papel colorido, dentro de um envelope também cheio de cores, com um perfume que quase dá pra sentir a presença dela. E, através disso, te faço. Meu. Só por aqueles minutos, naquelas folhas, frases, palavras, enquanto teus olhos passam distraídos (ou atenciosos? não sei) por tudo de mim que tento passar por aqueles textos escritos com tanta sinceridade, verdade, vontade. Quero TUDO. Quero tud. Quero tu.

sábado, 28 de março de 2009

Não é isso que eu quero pra nós, muito menos pra mim. Não vou ser algo que eu não sou só pra te agradar e poder te ter em três dias da minha semana. Eu quero alguém que esteja comigo, me acompanhe e segure a minha mão. Eu quero alguém que seja companheiro, que encare qualquer coisa, até as ruins. Não quero alguém que fuja quando as coisas complicarem, que me deixe sozinha no meio da rua porque "sabe, eu tou cansado". Eu quero alguém que esteja disposto a lutar por mim, a me segurar e que tema que eu um dia me vá e não volte mais. Eu quero alguém que me ame daquele jeito que tu não aguenta a pessoa longe de ti nem por um segundo. Alguém que, se pudesse, fizesse de eu e ele uma pessoa só. Eu quero alguém que me faça rir mais que chorar, que faça questão de andar de mãos dadas, que tenha orgulho de dizer que eu sou dele - e só dele. Eu quero alguém que sinta o coração bater mais forte cada vez que o telefone tocar, esperando que seja eu. E que atenda quando eu ligar pra falar a coisa mais importante do mundo ou só pra dizer que senti saudades. Eu quero alguém que me leve pra longe de tudo, que me salve dessa bagunça, que me faça sentir bem. Eu quero um porto seguro, alguém que sinta saudades de doer o peito e fale "eu te amo" quando o outro menos esperar. Eu quero alguém que sinta que me ame, não que racionalize ou só fale isso. Eu quero alguém que faça eu gostar de ser quem eu sou, de ser como eu sou - e me faça querer ser melhor. Eu quero alguém que suba e desça lombas comigo, que ria sempre, que se sinta completo - COMIGO. Eu quero alguém que me olhe de longe e diga: é ela quem eu escolhi pra mim. Eu quero alguém que sinta que é pra sempre, mesmo que não seja. Mas o sentir já vale. Eu quero alguém que suba num ônibus e viaje comigo pra longe, pra perto, pra qualquer lugar, sem se importar. Eu quero ser o sentido de alguém. E quero alguém pra ser o sentido pra mim, que me mostre que eu não tou tão perdida assim, que eu não estou tão só assim. Eu quero amar, brigar, chorar, perdoar e fazer as pazes. Eu quero alguém que não me ache bonitinha, quero alguém que me ache LINDA. Por dentro e por fora. Porque eu sei que eu sou. Eu quero alguém que me convide pra fazer coisas, me ligue pra passear, que caminhe na chuva pra me ver, que jogue tudo pro alto e se permita sentir as coisas como nunca antes sentiu. Quero alguém que deixe o orgulho de lado e dê a cara a tapa, como eu faço sempre. Que me ligue até eu atender. Que me mande mensagens na madrugada. Que me traga flores ou uma só flor que roubou do jardim da vizinha, mas trouxe porque achou que eu ia gostar. Eu quero alguém que me faça sentir viva, que faça vibrar cada célula no meu corpo, que me encha de alegria. Que tome vinho barato comigo em copos de plásticos sentados no chão de qualquer avenida e ache isso a coisa mais romântica do mundo. Quero alguém que se permita, que lute, que sonhe. Que me queira, de verdade. Não pela metade. Não sei ser nem amar pela metade, não sei voar de pés no chão. Essa é minha essência e é o que eu mais gosto em mim. tu não me quer assim. Tu não me quer de jeito nenhum. Tu me quer vazia, oca, superficial. Tu me quer fácil. Eu não sei ser fácil. Eu sou boa em ser torta - e tem gente que até valoriza o quão torta eu sou. E se tu acha tudo isso uma besteira só e vai guardar esses escrito porque "tem um certo valor literário", não porque tu te importa, ou porque tu gosta pra valer de mim e vai querer viver tudo de mais belo comigo, deleta. Deleta tudo. Me deleta. Porque eu tou sofrendo muito, eu sofro em cada momento que tu diz o quanto eu sou e fui péssima e idiota e babaca e imbecil e infantil e reclamona e criança. E eu posso até ser isso, ÀS VEZES, mas eu sei que eu não sou isso o tempo todo. Eu sei muito bem quem eu sou e o quão boa eu sou. E sei o tamanho do meu coração. Tu não gosta de quem eu sou. Então não vem me dizer que tu quer tá comigo "direito" porque esse teu jeito direito é vazio e sem sentido. Eu quero coisas mais reais. E espero que um dia tu queira isso pra ti também.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

...dos dias e noites que camnhávamos pelas ruas daquela cidade que tu tanto adora. Lembras? Onde ninguém dizia a hora para acordar, dormir, dançar. Lá, tudo que importava era nós, nossas vontades, desejos, segredos, vidas. Duas, unidas numa só. Nem que por um fim de semana, um dia, talvez horas ou até segundos. Cheio daquelas atitudes que a gente tem, quase sem perceber, quando quer dizer pra outra pessoa que viveria assim pra sempre, mas falta coragem. Ou simplesmente dispensa palavras. Longe da rotina, do trabalho, das dívidas pra pagar, dos lugares para estar. Só tu e eu, embaixo dos cobertores, longe de todo resto do mundo. Tu deitavas nos meus braços, despreocupado de tudo, "não sei por que contigo eu consigo descansar e dormir tão bem, nega". Ligavas a tv, rias um pouco e dormias feito uma criança. E eu sabia que naquele momento em que eu te protegia - ou era tu quem me protegias, talvez? - e afastava de ti qualquer angústia ou conflito que é quase constante em ti, eu sabia que naquele momento tu era meu - e só meu. Te assistia com gosto, adormecendo junto, dizendo aquela frase que a gente repetiu tantas vezes "a gente dá um jeito, a gente sempre dá um jeito...". E sabíamos que aquele era o exato lugar em que deveríamos estar. Naquele "eterno" que nunca durava mais que uma semana, já que tínhamos que ir embora, sempre tínhamos que ir embora. Pois, você sabe, o trabalho, os estudos, o ganha-pão, meus sonhos, teus futuros&planos que, muitas vezes, infelizmentes, seguiam caminhos separados, opostos - e, infelizmente de novo (pois sempre é bom colocar a culpa em algo e alguém) não havia ninguém a quem culpar. Eram quatro e meia da manhã quando eu tive que ir embora. E fui, sem olhar pra trás. Pois, se olhasse, não consegueria manter aquela vontade presa na garganta de gritar, de pedir, implorar dizendo "larga tudo e foge comigo, foge pra longe, pra perto, pra qualquer lugar, me faz tua, de verdade, não pela metade, vamos, eu sei que aparece absurdo, mas o que não é absurdo nesta vida que sem ti fica tão sem cor?". Mas eu tinha que ir embora - e tu não me deixaria ficar. Te beijei nos lábios, sussurei aquelas três palavras no teu ouvido - e seria a última vez que sairiam da minha boca? - e bati a porta. Sabendo que eu voltaria, embora prometido que não, eu voltaria. Pra ti, pra, quem sabe, sempre.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

E quem os observava, encantava-se com como eram lindos e alegres e carinhosos, como sorriam e se beijavam e brincavam despreocupados, como se o amanhã não existisse - e existia - como se nunca nenhum dos dois tivesse que ir embora - e teriam - como se fossem completamente apaixonados - e ah, isso realmente eram. Talvez fosse este o problema, essa paixão descontrolada que não respeitava os limites-fronteiras-barreiras impostos por. Por o que mesmo? Pelo dinheiro, pelos outros, pela distância. Isso, pela distância, pelos outros, pelo dinheiro - que não tinham. E fingiam que isso não importava, fingiam não, simplesmente esqueciam, naqueles poucos dias, horas, minutos, segundos que estavam juntos, esqueciam da maneira que podiam, daquele jeito torto que eles - e só eles - sabiam fazer. "A gente dá um jeito, minha nega", dizia ele. E ela acreditava. E realmente, davam. Mas quem os observava, encantado, jamais diria que aquele poderia ser o último beijo, o último toque, a última vez que se viam e sorriam e brincavam, alegres e carinhosos, despreocupados, como se o amanhã não existisse, e como já disse, existia - e ele veio.
Eu poderia te escrever todos os dias as palavras mais bonitas até se tornar repetitivo e tu decorar o discurso que eu faço toda vez que redijo uma carta pra ti. Eu queria conseguir organizar todos os pensamentos, sentimentos, verdades e desejos para poder te apresentar - ou não te apresentar, guardar pra mim, controlados e bem domesticados - e, assim, não me perder através das frases, letras, pontos e vírgulas. Queria, talvez, não ter essa necessidade de ti - essa que, embora concreta e completamente utópica, fora da realidad, do que pode acontecer do futuro que (não?) existe. Pesa dentro de mim quase tranto me alegra e me preenche. Não sei como cabe tanto sentimento aqui dentro - e não brinco: essa montanha-russa me deixa tonta.