terça-feira, 16 de setembro de 2008

Quero-te com tanta fome, quero-te todo, não só pedaços. Quero uma noite insone, quero criar laços. Quero todas tuas verdades, desejos, defeitos. Quero teu cheiro nas minhas narinas, tuas mãos em meu corpo, teu calor todo para mim. Quero carícias, malícias, vontades sem fim. Quero enlouquecer, gritar, sentir. Faz-me gemer, gozar e rir. Conta-me sobre teus delírios mais obscuros, guardados, secretos. Quero o melhor e o pior de ti, para manter em mim com todo afeto. Quero-te todo pra mim, enfim.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Talvez eu realmente seja injusta, muitas vezes. E não veja os outros pontos de vista que poderiam tanto fazer parte da minha vida. Talvez o que eu acredite realmente não seja o melhor. Talvez eu seja inconstante demais, impaciente demais, sonhadora demais. Talvez as respostas que eu busco e que espero agitada não cheguem nunca. E o frio na barriga se transformou em angústia que, por sinal, não consigo tirar de mim. E nem sei se quero.

domingo, 7 de setembro de 2008

Estou que não suporto. Sinto nojo das futilidades, mesquinhez, risos sem sentido, atitudes maqueadas, palavras ditas sem coerência. Eu quero a verdade, o sujo, o real. Mando todos se foderem, já que não se permitem sentir. Foda-se a chuva, o vento, o frio - isso não me importa. O que me incomoda é a imbecilidade, a estupidez. Peguem toda essa merda que vocês falam e a engulam, deixem-na dentro de vocês e se enojem com o quão ridículos, patéticos e tristes são. E me deixem dormir.
Chove e não para há dias. Como se todas as minhas dores trancafiadas há tanto tempo finalmente se expressasem através de lágrimas que - para minha angústia- caem do céu, não de mim.
Não me ouça, então. Não quero sua piedade, desculpa, aprovação. Poupe-me de seu perdão. Guardo em mim segredos muito mais obscuros, profundos e sujos do que este. Tenho demônios se debatendo, implorando para que sejam ouvidos. E, às vezes, os ouço. Solto um sorriso de canto de boca, surpreendida - a até orgulhosa - com os planos e idéias que estes conseguem arquitetar. Me provocam. Sou fraca por não resistir e são eles que me fazem forte por tentar. Arrisco - e não temo. Me consomem. Eu permito, sem hesitar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."
Caio Fernando Abreu

Mas não consigo. E quando em encanto, sou consumida, por mais que não queira. Ou finjo que não quero, tento fugir. Às vezes penso que me engano, embora no fundo saiba que tudo aquilo é mentira, que eu sei exatamente o que quero, só não tenho coragem suficiente pra admitir. Estou tão frágil e tão forte ao mesmo tempo. Qual é o meu estado de verdade?
Explico-me através das palavras dos outros, pois as minhas ficam trancadas na garganta, enroscadas nos pensamentos, aprisionadas pelos sentimentos. Sinto que retiraram uma parte de mim, arrancada com toda força, sem autorização ou, menos ainda, anestesia. Sofro - e odeio admitir. Admitir é mostrar-se patética, frágil, inconformada. Eu não: faço-me forte. Enquanto todas estas sensações berram, sacondem-se, clamam por atenção, eu as ignoro, finjo não as ouvir - ou tento. Pois, afinal, qual é a diferença entre ser forte e fazer-se forte?
"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe (...). A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão".

Caio Fernando Abreu