quarta-feira, 17 de junho de 2009

* Lembro de ter dito numa dessas conversas comigo mesma que estar naquela inércia sentimental - onde não se sofria parecendo que nunca ia passar, nem se amava com todo o fogo queimando dentro de si - era tão vazio e muito pior do que a imensa dor que se sente (aquela mesmo que se a voz tivesse força igual, acordaria a vizinhança inteira, essa mesmo) quando os teus sonhos e planos não vão na direção que tu imaginava. Querendo ou não, há algo doce nessa tristeza causada sempre por sentimentos uma vez bonitos e fortes. Tem sempre algo de bom na tristeza, mesmo que não se note. Logo depois vem a força e a superação. E tem que saber lidar sem se tornar amargo, se tem. É o mais difícil. Não se retrair. Tou tentando me manter aqui intera, firme e forte, pra logo estar disposta a dar a cara pra bater de novo de novo e de novo, mas por enquanto, vou continuar aqui no meu esconderijo mesmo - aqui fora mesmo, onde todos podem ver.

* E nem posso dizer que estou triste porque, na realidade, não tenho tido tempo pra ficar triste. É correria, minha gente, é vida. É aquela coisa de não parar para não pensar. Isso que nem muita gente faz e eu por tanto tempo me recusei a fazer. Mas, às vezes, é só o que cura. E, embora algumas vezes bela, a tristeza precisa ser curada. A tristeza, a saudade, a vontade. Eu nunca estive melhor, você sabe bem, mas tem coisas que a gente disfarça quando precisa de um pouco de atenção.

* "Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso…”
Lembrei dessa. E essa do Renato Russo me lembra aquela do Caio F. "Pensei que talvez o sol, o calor e Deus pudessem voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltarão. [I]Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais[/i]".

* "porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência."

* Mas no fundo, pessoal, no fundo tudo isso é amor. Amor de menos, amor demais, amor faltando, mas, de qualquer forma, amor. [i]E por que não falar de amor, repetir as palavras se no fundo é só isso que vale a pena?[/i]