quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

...dos dias e noites que camnhávamos pelas ruas daquela cidade que tu tanto adora. Lembras? Onde ninguém dizia a hora para acordar, dormir, dançar. Lá, tudo que importava era nós, nossas vontades, desejos, segredos, vidas. Duas, unidas numa só. Nem que por um fim de semana, um dia, talvez horas ou até segundos. Cheio daquelas atitudes que a gente tem, quase sem perceber, quando quer dizer pra outra pessoa que viveria assim pra sempre, mas falta coragem. Ou simplesmente dispensa palavras. Longe da rotina, do trabalho, das dívidas pra pagar, dos lugares para estar. Só tu e eu, embaixo dos cobertores, longe de todo resto do mundo. Tu deitavas nos meus braços, despreocupado de tudo, "não sei por que contigo eu consigo descansar e dormir tão bem, nega". Ligavas a tv, rias um pouco e dormias feito uma criança. E eu sabia que naquele momento em que eu te protegia - ou era tu quem me protegias, talvez? - e afastava de ti qualquer angústia ou conflito que é quase constante em ti, eu sabia que naquele momento tu era meu - e só meu. Te assistia com gosto, adormecendo junto, dizendo aquela frase que a gente repetiu tantas vezes "a gente dá um jeito, a gente sempre dá um jeito...". E sabíamos que aquele era o exato lugar em que deveríamos estar. Naquele "eterno" que nunca durava mais que uma semana, já que tínhamos que ir embora, sempre tínhamos que ir embora. Pois, você sabe, o trabalho, os estudos, o ganha-pão, meus sonhos, teus futuros&planos que, muitas vezes, infelizmentes, seguiam caminhos separados, opostos - e, infelizmente de novo (pois sempre é bom colocar a culpa em algo e alguém) não havia ninguém a quem culpar. Eram quatro e meia da manhã quando eu tive que ir embora. E fui, sem olhar pra trás. Pois, se olhasse, não consegueria manter aquela vontade presa na garganta de gritar, de pedir, implorar dizendo "larga tudo e foge comigo, foge pra longe, pra perto, pra qualquer lugar, me faz tua, de verdade, não pela metade, vamos, eu sei que aparece absurdo, mas o que não é absurdo nesta vida que sem ti fica tão sem cor?". Mas eu tinha que ir embora - e tu não me deixaria ficar. Te beijei nos lábios, sussurei aquelas três palavras no teu ouvido - e seria a última vez que sairiam da minha boca? - e bati a porta. Sabendo que eu voltaria, embora prometido que não, eu voltaria. Pra ti, pra, quem sabe, sempre.